Acreditamos que uma das grandes preocupações dos pais é em relação a serem negligentes com algum tipo de atraso no desenvolvimento do filho. Quantas vezes nos pegamos comparando desempenhos e habilidades de uma criança com a de outra? E quantas vezes de frente a este tipo de situação, ouvimos esse tipo de frase: “cada criança tem seu tempo”?
Precisamos entender que muitas vezes esse tipo de colocação, pode estar servindo de negação a algo que algumas pessoas não querem enxergar ou assumir. E que por conta dessa frase dita há tantos anos, muitas crianças perderam seu tempo adequado de estimulação e a oportunidade de passar por uma intervenção muitas vezes necessária.
A verdade é que cada criança apresenta um ritmo diferente e se está tudo certo com seu desenvolvimento, habilidades como sentar sem apoio, engatinhar, andar, falar e aumentar o repertório, precisam acontecer dentro do período esperado para cada uma delas, por isso merecem total atenção dos pais e adultos que estão no ciclo de convívio da criança.
Uma parte significante das crianças com menos de 3 anos, já apresentam algum tipo de atraso em alguma área do seu desenvolvimento que se não percebidas e estimuladas a tempo, podem carregar estas dificuldades até o início do ensino fundamental, e podem ter outros prejuízos posteriormente.
Alguns aspectos em relação a cada caso, precisam tornar os pais mais atentos como em casos de complicações no parto (veja nosso texto sobre a nota APGAR), prematuridade e o histórico genético em relação a síndromes.
Precisamos ainda estar atentos e descartar problemas de visão e dificuldades de audição.
O que são marcos no desenvolvimento?
Falamos sempre aqui no blog sobre as individualidades e peculiaridades de cada caso e de cada criança, mas quando falamos em desenvolvimento neuropsicomotor há uma faixa etária que precisa servir de referência, e isto são os marcos do desenvolvimento.
De uma forma resumida vamos abordar os primeiros sinais que precisamos observar, é o que chamamos de marcos motores primários. É esperado que o seu bebê de até 3 meses consiga segurar a cabeça, a partir dos 4 meses seguir com os olhos estímulos sonoros e visuais, por volta dos 5 meses esperamos que esse bebê já consiga rolar, entre os 6 e 8 meses a criança deve assumir a postura sentada sem apoio, e aos 9 meses deve iniciar o processo de engatinhar e se puxar para a postura de pé. Entre os 12 e 15 meses, a criança começa a andar livremente, alguns até já correm, mas o bebê tem até os 14 meses para conseguir ficar em pé sem apoio.
É o momento que a coordenação motora fina está se apurando, e o bebê já consegue manusear o lápis e fazer alguns rabiscos. A linguagem fica mais apurada e alguns já conseguem falar algumas palavras soltas, mas a maioria já deve emitir sons ou pelo menos se fazem entender através de gestos.
Os sentimentos também já aparecem através de abraços, beijos e até mesmo birras, quando estão irritados ou contrariados.
Dos 15 aos 18 meses de vida, todas as crianças já devem estar andando, sabem correr, sentar-se e levantar sozinhas. Até os 18 meses a criança deve falar algumas palavras, e algumas sabem construir frases pequenas e comer sozinhas.
Na faixa dos 18 a 24 meses, percebemos o desenvolvimento motor e o equilíbrio da criança mais desenvolvidos. Portanto a marcha (andar e correr) já acontece sem dificuldades, e a criança como já fala, começa a formar frases completas e mais estruturadas. Gostam de desenhar, pintar, brincar com peças de encaixe e cantar.

Quais sinais de atraso no Desenvolvimento?
Se a criança está demorando muito tempo para atingir as etapas motoras nas idades esperadas, é motivo para atenção dobrada. Além disso, outros sinais também devem ser observados, como se a criança é muito “molinha” e não consegue se movimentar, nem segurar a própria cabeça acima do pescoço, ou se chega a ser muito rígida com os membros. Se lhe falta a garra, ou seja, o bebê não consegue pegar brinquedos após o sexto mês de vida, e não interage com as pessoas (sorrisos e olha no rosto delas) e nem reage a estímulos externos como barulhos.
Portanto é fundamental que os pais estimulem, pois só a partir de interação é que podemos observar se há atrasos ou não.
Como estimular o bebê?
Se o bebê não recebe estímulos, ele tende a não progredir. É preciso incentivos e trocas com um ambiente rico de estímulos motores e sensoriais.
A criança não deve ficar no carrinho, no colo ou no berço, mas sim livre no chão, protegida por tapetes ou mantas. No chão a criança tende a se movimentar para que ela possa rolar, como é esperado. Além disso colocar a criança de barriga para baixo quando ela estiver acordada, sempre sob supervisão, o estimula também a virar. Você deve oferecer brinquedos próprios para a sua idade, como chocalhos, bichinhos de borracha, luminosos e musicais, sempre proporcionando uma boa relação entre os pais e o bebê.
Quando buscar ajuda médica?
Se você percebe seu bebê com muitos atrasos e mesmo após recebimento de estímulos a evolução não acontecer, ele pode ter um atraso no desenvolvimento.
Procure um médico adequado ao diagnóstico, entenda que esta não é a área de capacitação dos pediatras, mas sim do neuropediatra e agende uma consulta com um de sua confiança. Quanto antes o atraso for diagnosticado e as intervenções terapêuticas forem iniciadas, melhor será o prognóstico e menores serão os impactos no desenvolvimento futuro da criança.