Neuras da Mamãe - Blog

Você já ouviu falar de epilepsia?

Como neuropsicólogas, percebemos que apesar de ser um tema de grande importância é pouco conhecido e pouco discutido, e quando surge algo sobre o assunto, há muita especulação e pouca informação real.

Precisamos desmitificar essa doença que atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo e cerca de 3 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O que é epilepsia?

É uma doença neurológica e crônica (sem cura), que é caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro, que são recorrentes e geram as crises epilépticas.

Para ser caracterizado como epilepsia, o indivíduo precisa ter tido no mínimo duas crises (não provocadas, ou seja, sem causa aparente, como: febre alta, traumas na região cerebral, tumores, doenças degenerativas, uso de drogas e álcool) ao longo de sua vida e que tenha como consequência mudanças de comportamento, perda cognitiva ou prejuízo motor.

Na epilepsia ocorrem descargas elétricas e o sujeito apresenta diferentes sinais/comportamentos caracterizados como sintomas epilépticos. O mais popular é a convulsão e por este motivo, grande parte dos pacientes precisam de medicamentos anticonvulsivantes.

É mais comum na infância, pois o cérebro ainda está em formação, e em idosos, por ser o momento em que o cérebro começa a se deteriorar, mas sua causa ainda é desconhecida, porém já sabemos que os fatores genéticos são grandes determinantes para o desenvolvimento ou não da doença.

A criança com epilepsia pode ter comorbidades como: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno do Espectro Autista, Transtornos Psiquiátricos, enxaquecas e maiores riscos de problemas psicológicos, visto que a ansiedade e o medo de uma crise acontecer sem o paciente esperar por isso é muito grande, fora os problemas e preconceitos que isso pode gerar na escola e no ambiente de trabalho. O estresse é um dos fatores que pode desencadear uma crise epiléptica. Por este motivo estar em trabalho psicoterapêutico é fundamental.

Tipos de crises epilépticas

As crises podem ser parciais ou generalizadas.

As crises parciais são aquelas que afetam apenas uma determinada área do cérebro. Ou seja, há um problema localizado, apenas uma parte específica do cérebro recebe descargas elétricas. Este tipo de crise é a que mais afeta o rendimento escolar e pode gerar transtornos de comportamento.

As crises generalizadas, acontecem no cérebro inteiro e ao mesmo tempo, ou seja, a criança recebe uma descarga elétrica alta em todas as partes do cérebro. É mais grave do que a parcial, e o paciente chega a perder a consciência e estão menos ligadas as questões de aprendizagem.

A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas apresentam-se de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.

Existem diversos tipos de epilepsia e normalmente mesmo quem tem um caso na família não sabe disso, porém essa informação é importante para podermos saber o que esperar das crises, principalmente no que diz respeito às crianças.

Não iremos aqui citar todos os tipos de epilepsia, pois são inúmeros, porém queremos falar das principais, pois acreditamos que é necessário levar esse conhecimento às pessoas.

– Epilepsia de Ausência da Infância: as crises podem acontecer ao longo do dia, e muitas vezes no caso das crianças, o professor é o primeiro a perceber que às vezes a criança paralisa o olhar e fica como se estivesse “olhando o nada” por 10 a 20 segundos e de repente ela volta para contiuar a atividade, esse tipo de epilepsia acaba levando a um baixo rendimento escolar e tem relação com Déficit de Atenção.

– Epilepsia Rolândica: recebe esse nome, pois fica focalizada na área do cérebro conhecida como rolândica, onde estão localizados, nossa língua, mão, boca; normalmente as crises nessa área são parciais e nesse momento normalmente a criança tem apenas manifestações orais, manuais ou de uma hora para outra paralisa essa área e ela não consegue controlar, costuma ocorrer dos 5 aos 12 aos e está relacionada a problemas de aprendizagem, por ser uma área de expressão de coordenação motora.

As epilepsias mais graves, como a Epilepsia Mioclôica, Síndrome de Dravet, Síndrome de Lennox-Gastaut e a Síndrome de West, são consideradas de má evolução, sendo malinganas, podendo causar manifestações de autismo, deficiência intelectual, alteração comportamento, pode provocar sonolência e são consideradas malignas.

Há também as Epilepsias Parciais, que são aquelas que acontecem em uma área específica do cérebro e podem ou não generalizar e também estão relacionadas a problemas de aprendizagem.

Epilepsia e Aprendizagem

Se a epilepsia afeta o córtex frontal do paciente, ele pode apresentar problemas de memória, atenção, planejamento e linguagem.

Além da doença, ainda temos que levar em consideração que muitas crianças podem apresentar comportamentos de sonolência, lentidão e desatenção, após o início do uso dos medicamentos (não é regra).

Como a família e a escola podem ajudar?

Primeiramente é muito importante que essa criança tenha um tratamento adequado. Ou seja, ela precisa de um acompanhamento de um Neuropediatra, que lhe solicite exames para acompanhamento da evolução e ainda acompanhe o uso da medicação.

É fundamental saber o nome da epilepsia, de qual tipo que seu aluno/filho tem, nomear a doença é um dos primeiros passos para que pais e professores possam pesquisar sobre e entender como ela afeta o cérebro.

Quando a família e a escola estão a par da doença, ficam mais preparados a ajudar, procure saber como deve agir em uma crise convulsiva. Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito, a cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir. Oriente as outras pessoas da família a da escola.

Além disso, ainda existem questões emocionais que precisamos levar em consideração. Precisa haver uma vigília sobre o bullying e o preconceito.

Observe se o comportamento da criança sofreu alterações. Se ela passou a ser mais agitada, se teve perdas na aprendizagem ou até mesmo para transtornos psiquiátricos como bipolaridade, esquizofrenia, etc.

Se as crises trouxeram queda da aprendizagem, isso precisa ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, neuropsicólogo, psicomotricista, fonoaudiólogo, etc) para que possamos medir sobre o tamanho desse prejuízo na vida da criança e assim orientar de forma adequada a escola.

Não importa o transtorno associado a epilepsia, todos devem ser tratados e medicados para uma melhor evolução do caso.

Deixe um comentário

um × 5 =

PROCURANDO ALGUM TEMA?

CATEGORIAS

NEURODESENVOLVIMENTO

Aqui iremos falar tanto do desenvolvimento esperado quanto daquele que já tem algum atraso e pode ser sinal de alerta para procurar ajuda profissional.

APRENDIZAGEM

Como as crianças aprendem é algo muito estudado atualmente e hoje sabemos q diversos fatores podem afetar a aprendizagem dos pequenos.

AUTISMO

Atualmente um tema com muita repercussão, mas que ainda gera muitas dúvidas, abordaremos este tema com carinho.

COMPORTAMENTO

Falaremos de tudo o que envolve o comportamento dos pequenos, desde sua personalidade, temperamento, até birras, bullying e outros temas relacionados.

Andrea Luccas - Neuras da Mamãe

ANDREA LUCCAS

CRP: 06/99643​

Thais Peleias - Neuras da Mamãe

THAIS PELEIAS​

CRP: 06/100880​

E-BOOK DO BLOG

Fique ligado, em breve estará disponível nosso E-book, criado com muito carinho, tratando de assuntos relacionados ao nosso blog.

CONTATO

Entre em contato conosco por e-mail ou, se preferir, encaminhe uma mensagem, preenchendo o formulário abaixo:

2019 – Todos os Direitos Reservados

Desenvolvido pela empresa Klick Saudável
Sites para Profissionais da Saúde