O que é avaliação Neuropsicológica Infantil

Em nossas carreiras de neuropsicólogas, durante muitas vezes, nos deparamos com pessoas, inclusive por profissionais da área da saúde, que não sabem o que de fato é uma avaliação neuropsicológica.

E com o passar dos anos, fizemos muito mais Psicoeducação em grupos de mães do que esperaríamos fazer.

Vimos muitas perguntas do tipo: “Quem faz o tal do exame neuropsicológico?”, “Vale a pena investir esse dinheiro na avaliação neuropsicológica?”, “Porque o convênio não cobre?” ou até mesmo “Para que serve a avaliação neuropsicológica?”, “Porque ela leva tantas sessões?”.

Como a avaliação é feita?

Quando atendemos crianças, além de saber a queixa apresentada pela família e/ou escola (normalmente é um desses dois que percebe quando algo não está certo), necessitamos entender um pouco mais da história da criança, por isso precisamos iniciar como a entrevista aos responsáveis, chamada de anamnese, onde vamos, através de dados colhidos, determinar como a avaliação será conduzida.

A partir de então monta-se uma bateria de testes, programados de acordo com a demanda trazida pela família e pelo perfil descrito.

Saber estimular e intervir proporciona para a criança possibilidades de maior desenvolvimento, o que favorece a autonomia, independência e qualidade de vida.

A Neuropsicologia é uma área interdisciplinar de atuação, que fornece dados previamente testados, com muitos dados estatísticos. Ou seja, o desempenho da criança é comparado ao de outras na mesma faixa etária e escolaridade.

Além disso, agrupa instrumentos, métodos e modelos de várias áreas, como: Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Linguística, Fonoaudiologia, Farmacologia, Terapia Ocupacional, Educação, Biologia, etc.

O profissional em neuropsicologia, portanto, revisa os conhecimentos e os utiliza em função de seu objetivo, sempre buscando compreender a relação entre cérebro, funções mentais/cognitivas e comportamento.

Como funciona a Avaliação Neuropsicológica Infantil?

A Avaliação Neuropsicológica Infantil se refere à utilização desses procedimentos técnicos que descrevemos acima, adaptadas ao modo como as crianças internalizam e evocam as informações.

Desse modo, a avaliação é bastante utilizada para diagnosticar casos de: Dificuldades atencionais, agressividade, transtornos do neurodesenvolvimento (TEA e TDAH), transtornos de aprendizagem (dislexia, discalculia, disgrafia e disortografia), dificuldades na aprendizagem, transtornos de humor, transtornos psiquiátricos, rebaixamento na autoestima, dificuldades na socialização, depressão, transtornos alimentares, dupla excepcionalidade, superdotação, deficiência intelectual, dentre outros.

Além disso, favorece o diagnóstico precoce de alterações no desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e demais atrasos no desenvolvimento global, favorecendo intervenções multidisciplinares precoces e, consequentemente, mais eficazes.

Nos consultórios, a procura pelo neuropsicólogo aumentou muito. Não apenas para avaliar e dar hipóteses diagnósticas, mas também para estabelecer uma linha terapêutica focada nas necessidades reais daquele paciente, o que lhe proporcionará melhora na qualidade de vida e orientação a família quantos aos procedimentos adequados.

Testes Psicológicos são utilizados na avaliação neuropsicológica?

Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), o uso de testes psicológicos, para psicodiagnósticos ou avaliação psicológica, é exclusividade dos profissionais da psicologia. Portanto, essa é a grande diferença entre o psicólogo e os demais profissionais que buscam a especialização na área.

O Neuropsicólogo usa ferramentas objetivando a compreensão da inteligência (a partir de dois anos de idade), dos processos atencionais (concentração, divisão, seletividade e alternância), dos processos perceptuais, viso-motores, das funções executivas, das habilidades acadêmicas (atividades que demandam conhecimento de escolaridade), assim como a compreensão da personalidade e da dinâmica parental.

Nesse sentido, somente os neuropsicólogos com formação em psicologia possuem o preparo e o respaldo técnico para a utilização das ferramentas necessárias.

Como entender se esse profissional é capacitado?

No que tange ao exercício da profissão, o neuropsicólogo deve ser capacitado para analisar e administrar não apenas os testes, mas também um conjunto de variáveis.

É preciso que esse profissional conheça as diferentes teorias do desenvolvimento infantil, que investigue e explore com atenção o histórico de cada caso, realize observações diretas e indiretas do comportamento da criança, entreviste familiares e profissionais da escola, assim como mantém discussão multidisciplinar e seja capaz de estabelecer uma proposta interventiva eficaz.

Outro ponto fundamental é a elaboração do relatório a ser entregue aos responsáveis ao final de cada avaliação.

A Neuropsicologia trabalha com a descrição detalhada dos processos cognitivos, bem como a apresentação dos resultados analisados.

O objetivo do relatório é registrar todo o processo de avaliação, fornecendo aos profissionais um auxílio diagnóstico e, principalmente, um direcionamento nas tomadas de decisões, ou seja, um foco no tratamento daquela criança.

Na prática, é notório o aumento de médicos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais que solicitam esta avaliação como critério essencial para a administração de medicação ou a estruturação de propostas interventivas mais adequadas.

Assim, um laudo bem elaborado favorece a compreensão do caso de cada paciente e os encaminhamentos necessários.

Fazer uma avaliação neuropsicológica pode evitar o uso indiscriminado de algumas medicações para “ajuste de comportamento”. Já é prática, na maioria dos casos, alguns médicos solicitarem o parecer neuropsicológico antes de indicarem qualquer remédio.

Por isso, é importante que os pais fiquem atentos. Caso surjam sinais e sintomas de que há algo errado, é preciso procurar um especialista da área para que possam receber as orientações necessárias.