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Autismo de Alto Funcionamento, você sabe o que é?

Muitas pessoas costumam confundir, possivelmente por causa do nome, o Autismo de Alto Funcionamento com a questão da Superdotação, porém se trata de coisas completamente diferentes.

Segundo o DSM-V não se deve mais usar mais o termo Autismo de Alto Funcionamento, porém essa nomeação ainda nos ajuda a lidar melhor com alguns pacientes e a usar as técnicas de intervenção adequadas para eles, da mesma forma que acontece com o tipo Asperger (leia nosso texto sobre).

Hoje usamos então o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme foi trazido no DSM-V, porém nós profissionais ainda podemos nos apoiar aos conceitos passados para poder intervir.

 O Autismo de Alto Funcionamento, nada mais é do que aquele paciente que tem uma excepcional função em determinado assunto. Essa condição normalmente é presente em quadro de TEA moderado ou até mesmo severo, essas crianças costumam apresentar algumas habilidades que podem até se sobressair quando comparados a outras crianças consideradas típicas.

Como diferenciar Autismo de Alto funcionamento do tipo Asperger?

Os autistas que estão nesse perfil de alto funcionamento tendem a ter habilidades admiráveis, tendo ao mesmo tempo prejuízos cognitivos, linguísticos, de aprendizagem e sociais. Mas se destacam em determinadas atividades executivas, ou até tem uma memória excepcional ou são ágeis em atividades mais operacionais. Então essa criança vai apresentar atraso de fala, dificuldade em aprender (podem até ter Deficiência Intelectual – leia nosso texto sobre DI), isolamento, ecolalia, dificuldade de comunicação, uma linguagem inadequada (jargões), inversões pronominais e até mesmo estereotipias. O diagnóstico, nestes casos, é possível antes dos 3 anos de idade, pois é nitidamente mais grave e severo.

Já o antigo Asperger (TEA leve) tem bom funcionamento verbal, linguístico e muitas vezes pode parecer superdotado (leia nosso artigo sobre superdotação). Apesar do comportamento excêntrico, consegue frequentar a escola regular sem grandes dificuldades na aprendizagem e com uma boa inteligência verbal e é justamente esse perfil que dificulta o diagnóstico, pois só é perceptível por volta dos 6 anos de idade ou somente na adolescência.

O dia que atendi um Autista de Alto Funcionamento…

Pelos meados de 2011, atendi um homem, por volta dos seus 34 anos.

O paciente tinha um comportamento infantilizado, como se sua idade cronológica não fosse compatível a mental. Demorou muito para ser alfabetizado, pois o dia que desenvolveu a escrita e a leitura, já era um homem de barba. Frequentava escolas de educação especial desde a infância, tomava muitos remédios e tinha algumas vezes episódios de agressão a mãe.

O discurso era robótico, com um tom de estranho. Quando ele chegava para os atendimentos, ouvíamos sua voz por mais distante que estivéssemos, pois ele falava muito alto e sentia uma enorme necessidade de vir cumprimentando todos sempre do mesmo jeito: “ oi tudo bem?” e caso a pessoa não respondesse ele segurava seu rosto e virava para si, dizendo: “ eu disse, oi tudo bem!”. Cumpria sua rotina e sentava-se para ser atendido. Enquanto esperava falava sozinho, tinha uma inquietude na cadeira, colocava as mãos nos ouvidos, mas não tinha envolvimento com ninguém no espaço cultural que frequentava. 

Sua excepcionalidade para desenhos e pinturas era notável. Além de seu talento artístico, era fascinado pelos programas do SBT, com destaque para o seriado Chaves e Chapolin, onde conhecia tudo sobre as histórias, os personagens, episódios e atores. E as linhas de ônibus eram outro notável interesse, pois ele sabia nomes de linhas, terminais e o caminho de cada um. Todas essas informações sem precisar ler, olhar ou que alguém lhe dissesse.

E suas excepcionalidades se juntavam quando ele fazia desenhos lindos dos personagens do Chaves e até mesmo quando colava folhas umas nas outras e desenhando enormes ônibus biarticulados e sanfonados. Sem deixar escapar nenhum detalhe como o desenho de passageiros, motorista e cobrador.

Ninguém sabia dizer como ele aprendeu tudo isso, como conseguia saber tanto de um seriado que nem era mais gravado ou como ele sabia de cor as ruas que os ônibus passavam, a mãe apenas suspeitava que de tanto andarem de ônibus ele acabou decorando o que via escrito nas placas.

Autistas de Alto Funcionamento são assim, ninguém explica suas habilidades excepcionais em determinados assuntos, mas sem conseguir compreender uma simples conta matemática.

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