Acreditamos que essa seja uma dúvida entre pais, cuidadores e também entre profissionais da área, pois muitas vezes, principalmente em crianças pequenas há uma grande semelhança entre estes dois transtornos.
TEA e TDAH, tem sintomas muitas vezes parecidos, que são facilmente confundidos se não olhados com atenção, e podem muitas vezes aparecer juntos.
Os dois transtornos são mais comuns em pessoas do sexo masculino.
O TDAH (que tem basicamente um comportamento de inquietude, falta de atenção, hiperativo e impulsivo) é um transtorno 6 vezes mais comum do que o TEA.
O TEA, basicamente apresenta um problema de interação social, comunicação, interesses restritos e sensibilidade apurada.
Quais as principais diferenças?
- Idade dos Sintomas

O TEA é um transtorno precoce em relação aos sintomas, já que a criança dá indícios antes dos 3 anos, ou seja, na 1 infância.
O TDAH tende a ficar mais claro na faixa de idade de alfabetização, por volta dos 6 ou 7 anos de idade, porém também podem ser percebidos alguns indícios antes dessa faixa etária.
- Comunicação
No TEA os pais já percebem a dificuldade de comunicação e de atenção compartilhada, tanto com a família, tanto quanto com crianças da mesma idade. Crianças com TEA não chamam o outro para brincar ou para dividir sua atenção.
No TDAH, a criança pode ser dispersa, desatenta e agitada. O que pode dificultar a troca no brincar, ou em compartilhar, mas a troca com o outro existe!
- Forma de relacionamento com o brinquedo
Crianças com TEA gostam mais de objetos e tendem a olhar nas mãos do outro. Sempre preferindo os objetos, do que o contato com outras crianças.
No TDAH o contato com outras crianças pode até ser desastrado (pela impulsividade e agitação), mas a criança sempre prefere a brincadeira compartilhada, ao invés da isolada.
- Divisão do tempo
No TEA, a criança permanece por longos períodos em atividades repetitivas.
Já no TDAH, a concentração e foco em uma atividade por um longo período, não acontece, visto que tem dificuldade para finalização de tarefas e sustentação da atenção, neste caso é até comum que a criança acaba alternando de brinquedo ou brincadeiras com mais frequência, muitas vezes sem finalizar o que estava fazendo.
- Sensibilidade
TEA é mais comum terem distúrbios de sensibilidade no tato, na visão, e/ou na audição.
No TDAH pode até ocorrer, mas é raro.
Meu filho pode ter os 2 transtornos associados?

Sim, pode!
40-50% dos Autistas tem TDAH como comorbidade.
10-15% dos TDAH tem TEA como comorbidade.
Talvez você tenha se questionado quanto a essas porcentagens, pois parece ser tratar da mesma coisa, mas não, pois sempre tratamos como sendo o primeiro transtorno existente aquele que impacta mais a vida da criança, e como comorbidade (ou seja, um outro transtorno que coexiste ao mesmo tempo na pessoa), neste caso podemos ter crianças autistas com TDAH e crianças com TDAH e autismo.
É importante identificar e diagnosticar de forma correta, principalmente por causa do Autismo, pois para cada um dos transtornos, o modelo de intervenção é diferente, e caso de dúvidas sobre qual é o quadro que a criança de fato apresenta é necessário fazer uma avaliação multidisciplinar e caso ela já tenha sido diagnosticada e ainda haja dúvidas é fundamental submetê-la a uma reavaliação.
O TDAH responde bem as intervenções em casa, na escola e a medicamentos associados. Já o autista, precisa de um modelo de intervenção sistemática, intensiva, principalmente nas intervenções sociais e de comunicação.
Os medicamentos são diferentes, e seja qual dos transtornos seu filho tenha, ele precisa de um diagnóstico preciso e com um especialista da área, pois a utilização da medicação errada pode trazer consequências na vida da criança e a demora a iniciar uma intervenção adequada também pode levar a prejuízos no desenvolvimento do seu filho.
Este post tem 4 comentários
Parabéns pela matéria, muitíssimo bem explicada ; Agora sim podemos distinguir com clareza tais transtornos. Muito obrigada!!!
Gratidão pelo seu feedback! Nos esforçamos diariamente para trazer conteúdo com qualidade para nossos leitores e esclarecer as maiores neuras que as mães costumam ter.
Meu filho e bem agitado, desde dos 2 anos comecei a perceber umas diferenças como balançar as não repetidamente e muita agitação, e a fala muito enrolada , procurei um neurologista pediátrico, onde foi medicado neuleptil e resperidona , mais não obteve êxito piorando seu comportamento .Consegui uma terapia no CAPSi aqui perto de casa , ficamos 8 meses em terapia familiar , onde percebemos uma melhora muito significativa isso já com 4 para 5 anos , não foi diagnosticado com nenhum transtorno aparente, na escola desde dos 2 anos de idade nunca teve nenhum problemas quanto a aprendizagem , hj com 7 anos já no 2 ano escolar, acompanha sua turma na sequência certa .Ha mais ou menos uns 2 anos percebi que seu andar e projetado com o calcanhar fora do chão, não ficando totalmente na ponta dos pés. Como mãe percebo que seu comportamento as vezes , ultrapassa os limites , mais não posso ficar comparando , por que posso estar errada .
Katia, para nós neuropsicólogas é muito importante a percepção e desconfiança das mães de que pode haver algo errado com seus filhos, pois quanto antes a criança passar por uma avaliação melhor será a intervenção sobre suas dificuldades. O que podemos te recomendar é que volte a buscar avaliação para seu filho, pois se não for um autismo, pode ser alguma outra questão que merece atenção também.