Você já deve ter escutado alguém falar sobre um bebê ou uma criança “Ah, essa é a sua personalidade” ou “ele vai ter uma personalidade difícil ” ou qualquer coisa similar quando um bebê tem um determinado comportamento, como ser muito chorão, sorrir pouco a estranhos ou até sorrir demais. Certo?
Neste texto procuramos abordar o que há de mais básico quando pensamos sobre o comportamento dos seres humanos: sua personalidade.
O que é?
A personalidade é uma soma de características psicológicas individuais, dos traços de caráter, em relação com o meio e na maioria de tempo estável, formada ao longo do desenvolvimento mental. Mas podendo também ser dinâmica e mutável, sujeita a algumas modificações, estando em constante desenvolvimento, sofrendo consequências das experiências desse sujeito.
Como inicia a formação da personalidade?
Quando o bebê é recém nascido, há uma relação de dependência muito grande com a figura materna. Para ele não há diferença entre o eu dele, e o da mãe. É como se estivesse tudo fundido. O bebê não sabe diferenciar o mundo interno (o que é ele), do mundo externo (o que é a mãe). Portanto o bebê é intensamente afetado na construção do seu eu, através do laço materno.
Esta separação vai acontecendo ao longo dos primeiros 12 meses de vida do bebê. E este vai se dando cada vez mais conta, que é um ser único, com vontades e sentimentos independentes. E o conceito de si próprio vai ficando cada vez mais claro e consistente. Conforme o bebê cresce, vai se mostrando mais ativo, intenso, calmo, chorão, tímido, risonho, nervoso, preguiçoso, etc. Como ele reage a novas situações, como tecidos diferentes de roupas, temperaturas do ambiente, banhos quentes ou gelados, o primeiro mergulho na piscina e até mesmo quando encontra pessoas estranhas que interagem com ele?
Você vai encontrar pistas do seu bebê em cada coisa que ele faz, desde como ele pega no sono até se é mais dependente ou independente do que o irmão mais velho, por exemplo.
Quanto mais você prestar atenção aos sinais do bebê, mais vai aprender e responder a eles, e mais calmo e previsíveis serão os primeiros meses do seu bebê.
Aos 4 anos este conceito já deve estar 100% formado. Podemos observar este acontecimento, quando a criança determina seus personagens preferidos com mais convicções, sem tantas influências da família. Quer escolher a roupa que vai vestir, mesmo essa não sendo a mais adequada para aquele momento. Ou até mesmo quando ela diz que não gostou de um determinado presente que ganhou.
A formação do “quem sou eu” vai se dando através do contato com as situações da rotina de acordo com a idade correspondente e aquilo que provoca frustração. Ou seja, aquilo que se opõe a ele e o desafia, o fazendo perceber, que nem tudo o que ele deseja, corresponde ao mundo externo. Quando isso acontece, por mais difícil e complicado que possa parecer (leia o texto sobre birras), a personalidade da criança está sendo formada.
Outro ponto importante para a construção da personalidade, é o afeto que essa criança recebe do mundo externo (principalmente dos pais, mas família de uma forma geral). Este ponto precisa ser muito bem trabalhado e interpretado, já que sabemos que amar significa também educar e impor limites.
O fundamental quando falamos de personalidade, é falarmos de temperamento e caráter.
Temperamento é algo que é inato, ou seja, nasce com o indivíduo, e o que nos diferencia um dos outros. São determinados por fatores genéticos e metabólicos (quando acontecem de forma precoce a idade, podem estar relacionados a fatores endócrinos, ou seja tem influência dos hormônios produzidos). São o que nos fazem mais passivos, ou praticantes, como dizem a “ vida mansa” ou nos fazem mais ativos, com tendência a iniciativas e a reagir aos estímulos ambientais.
Caráter, para a psicopatologia, é o conjunto de traços da personalidade, e de como o indivíduo age perante as situações. Seu modo pessoal, de se relacionar, seus gostos e habilidades.
Ou seja, o caráter é o temperamento moldado e inserido ao meio social. É o resultado de como a pessoa conseguiu moldar seu temperamento, após experiências vividas e adaptá-lo (ou não) ao meio em que vive.
Os pais precisam compreender, que a personalidade de uma criança, vai se formando ao longo do seu crescimento, tanto a nível pessoal, como afetivo. Como descrevemos, é desde muito novos que as crianças sentem as emoções e adquirem conceitos e ideais, que mais tarde terão os seus reflexos.
O que queremos dizer é que, para entendermos o comportamento de alguém, precisamos primeiro entender como o indivíduo se desenvolveu desde a infância até a maturidade.